27 de mar. de 2009

A origem da Umbanda

Não se pode negar que a religião de Umbanda nasceu da mistura de diversas crenças, vindas de outras religiões. Talvez por isso a Umbanda seja a religião que recebe a todos, sem discriminações, principalmente de credo religioso, muito ao contrário do que acontece com o umbandista quando este é recebido por outras religiões, mas não vamos falar disso aqui.

O importante mesmo é termos total consciência de que a Umbanda veio da cultura afro, somada aos costumes indígenas tupiniquins, além é claro do sincretismo católico, este último em mistura de amor e imposição. Claro que ainda existem influências orientais, kardecistas, místicas, uma verdadeira miscelânea de culturas.

A mais forte destas influências é do Candomblé, pois apesar de a Umbanda ter nascido há menos de 100 anos (primeiro registro oficial), sua raiz africana é milenar. Pai Zélio Fernandino de Moraes foi quem registrou em cartório a primeira tenda Umbandista em 1908. Sua casa, a Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Piedade não tocava atabaques, mas estes instrumentos do Candomblé foram incorporados à religião e hoje é difícil encontrar terreiro de Umbanda que não os possua em seus rituais. De onde veio isso? Com certeza esta influência veio de Pretos Velhos, entidades que se manifestam na Umbanda e que foram em vida escravos de tempos antigos em nosso país. Estes negros escravos, trazidos da África, eram adeptos do Candomblé, de diversas nações diferentes, e a Umbanda, ainda sem um código específico e singular, administra seus templos individualmente através das orientações de seus guias patronos, ou seja, quem determina certos fundamentos em uma casa de umbanda é o guia espiritual chefe desta casa, daí a forte influência dos rituais de nação trazidos pelos Pretos Velhos.

Outra prova desta forte influência e que também explica a entrada da cultura europeia através da romana religião Católica, é o sincretismo dos Orixás (que vieram da África) com os santos católicos. Isso acontece simplesmente porque nossos antepassados negros, enquanto escravos, não podiam adorar Orixás e portanto adoravam santos católicos para não contrariar seus senhores, mas na verdade, quando um negro rezava para São Gerônimo, por exemplo, estava em seu íntimo louvando a Xangô.

A religião de Pai Zélio, que completou ano passado 100 anos de seu primeiro registro oficial, é uma mistura de crenças, ainda em formação, além de ser uma religião eclética e sem preconceitos.

Na próxima semana: O Ritual

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