21 de out. de 2009

As Vidas Passadas de Buda

De acordo com o Niddesa - um dos livros do cânone pali - o Buda Shakyamuni teve 500 vidas passadas antes de atingir o despertar. O monge peregrino chinês Fa-hsien, ao visitar o Sri-Lanka no início do século V, também encontrou representações artísticas de 500 renascimentos do futuro Buda. Já o Saketa Jataka afirma que o Buda teve 1.500 vidas passadas. As estórias sobre estas vidas são registradas em contos chamados Jatakas.

Para atingir o despertar, o Buda levou 300.000 mahakalpas, ou grandes eras (pali mahakappa), mesclados com 20 asamkhyeyakalpas, ou períodos de tempo incalculável (pali asankheyyakappa). Cada grande era é subdividida em quatro eras, dissolução do mundo (pali samvattakappa), continuação do caos (pali samvattatthayikappa), formação do mundo (pali vivattakappa) e continuação do mundo formado (pali vivatatthayikappa). Cada uma destas eras é subdividida em 20 (ou 64) períodos chamados antokappas. Atualmente, estamos em uma era de "continuação do mundo formado".

Há mais de 300.000 mahakalpas e 20 asamkhyeyakalpas atrás, o futuro Buda Shakyamuni era um homem pobre que salvou sua mãe viúva de um naufrágio. Sua mãe fez a aspiração de que ele pudesse salvar os outros seres do sofrimento. Ele pensou nisso e se tornou um bodhisattva, ou ser do despertar (pali bodhisatta), alguém que cultiva as perfeições que conduzem ao estado iluminado de um Buda.

Próximo post: As eras

3 de out. de 2009

Budismo - A História do Buda

Estórias sobre centenas de vidas passadas do Buddha são relatadas em antigos contos relatados como Jatakas. Ele era um boddhisattva, isto é, alguém que passou muitas eras praticando as perfeições que conduzem à iluminação. Depois de completá-las, ele desceu ao paraíso de Tushita e renasceu como um príncipe no norte da Índia, por volta do século VI a.C. A vida desse príncipe também é narrada em muitos textos tradicionais.

Naquele tempo, a Índia estava dividida em pequenos estados e sua sociedade era dividida em castas. Desde aquela época, já havia uma grande diversidade de práticas religiosas.

Certa vez, a rainha Maya, do clã dos Shakyas sonhou com um elefante branco que trazia uma flor de lótus em sua tromba. Ela contou este sonho ao seu marido, o rei Shuddhodana, mas ele não soube interpretá-lo.

Os sábios brâmanes esclareceram que o sonho era o prenúncio do nascimento de um filho prodigioso: ele se tornaria um monarca universal ou um monge. O nascimento do menino, cercado de eventos auspiciosos, aconteceu no jardim de Lumbini.


Ele seria chamado de Sarvarthasiddha Gautama - "aquele da família Gautama que realiza todas as suas metas" -, logo, simplificando para Siddhartha Gautama - "aquele da família Gautama que realiza suas metas".

Um velho eremita brâmane, chamado Asita descobriu vários sinais no corpo do bebê e previu que o príncipe se tornaria um ser iluminado. A rainha Maya faleceu uma semana depois de dar à luz e a criança passou a ser cuidada pela tia, Prajapati.


Durante sua infância, Siddhartha foi educado pelos melhores professores do seu tempo e atingiu excelência em todos os campos de conhecimento. Ele também desenvolveu grandes habilidades marciais e venceu um torneio de artes militares, obtendo o direito de se casar com sua bela prima Yashodhara.

Na tentativa de entreter Siddhartha, o rei Shuddhodana deu a ele três grandes palácios, onde desfrutava das melhores comidas, bebidas, vestimentas e prazeres.


Quando Siddharta saiu pela primeira vez dos palácios, ele se encontrou com um velho, um doente, um morto e um asceta. Angustiado com o que viu, o príncipe fugiu para a floresta a fim de se dedicar à prática espiritual e encontrar o fim do sofrimento.

Seu único filho, Rahula, nasceu na noite em que ele decidiu partir. Apesar do coração repleto de afeição pela esposa e pelo filho, ele não hesitou em deixar os palácios para buscar o caminho da prática espiritual. Como símbolo de sua renúncia, Siddharta cortou seus longos cabelos com uma espada.


Siddhartha passou a praticar austeridades na floresta, sendo acompanhado por outros cinco ascetas. Depois de seis anos, ele percebeu que este estilo de vida não traria o fim do sofrimento.
Subitamente, ele compreendeu que a entrega aos prazeres mundanos e ao ascetismo são dois extremos; o ideal é seguir um caminho intermediário, o caminho do meio.

Uma jovem pastora chamada Sujata decidiu fazer uma oferenda de leite e arroz aos seres divinos da floresta. Aquele era um gesto de agradecimento por ela ter conseguido um filho.
Ao ver Siddhartha meditando na floresta, Sujata pensou que ele fosse uma divindade e lhe entregou a oferenda. Siddhartha se alimentou e logo recuperou a saúde.
Os outros ascetas pensaram que ele tinha abandonado sua busca pelo despertar e o deixaram para trás. Siddhartha foi então para Bodh Gaya, onde os seres iluminados do passado atingiram o despertar. Ele se sentou sob a figueira de bodhi e jurou que só se levantaria após atingir a iluminação.



Mara, o demônio do ego, tentou distrair Siddhartha de sua meditação. Suas três filhas - a cobiça, a raiva e a ignorância - tentaram seduzi-lo, mas não tiveram sucesso.

As hordas de demônios tentaram atacá-lo, mas suas flechas, pedras e bolas de fogo transformaram-se em pétalas e faíscas. Siddhartha tomou a terra como sua testemunha e continuou a meditar.



Na primeira vigília da noite, ele contemplou a sucessão de todas as suas vidas passadas. Na segunda vigília, ele contemplou o karma - o modo como as ações e seus frutos condicionam todos os seres. Na terceira vigília, ele contemplou o sofrimento, sua causa, sua cessação e o caminho que leva à cessação.

Pela manhã, Siddhartha finalmente atingiu o bodhi - a iluminação, o despertar - e exclamou, "Maravilha das maravilhas, todos os seres são completos e perfeitos, dotados de virtude e sabedoria, mas os pensamentos ilusórios impedem que percebam isso!"

A partir de então, ele passou a ser conhecido como o Buddha - o iluminado, o desperto - e como Shakyamuni - o sábio dos Shakyas.

Durante os 49 dias seguintes, o Buda Shakyamuni permaneceu em meditação. Inicialmente ele pensou que os seres seriam incapazes de compreender o Dharma, o caminho que leva à iluminação.

Entretanto, um ser divino ajoelhou-se aos seus pés e implorou que ele desse ensinamentos. Cheio de amor e compaixão pelos seres, o Buda então decidiu transmitir o Dharma.

Buda Shakyamuni procurou os ascetas que tinham sido seus companheiros e lhes concedeu os primeiros ensinamentos. Eles se tornaram os primeiros monges e assim surgiu a Sangha, ou comunidade budista.

O Buda passou a viajar constantemente para expor o Dharma, atraíndo muitos discípulos. Em três meses, sessenta discípulos já tinham atingido a santidade.

Eles foram enviados a várias direções como mensageiros do Dharma, "para o benefício de muitos, para a felicidade de muitos, por compaixão pelo mundo".

O Buda Shakyamuni visitou o seu reino, dando ensinamento a seus amigos e parentes, incluindo seu pai, seus tios e seus primos.

Muitos deles tornaram-se monges e entraram para a ordem monástica budista.

Seu filho Rahula também foi ordenado como monge noviço e mais tarde atingiu a santidade.



Seu pai Shuddhodana, atingiu a santidade em seu leito de morte. O próprio Buda Shakyamuni cuidou de seus funerais.

Após a morte do pai, sua tia Prajapati e sua esposa Yashodhara tornaram-se as primeiras monjas budistas.

Seu primo e atendente, o monge Ananda, foi muito importante para o estabelecimento da ordem monástica feminina.



A cada ano, na estação das chuvas, o Buda Shakyamuni reunia-se com seus discípulos para fazer um retiro.

Generosos benfeitores doaram monastérios para a comunidade budista se reunir e fazer seus retiros.

Certa vez, ao fazer um retiro solitário na floresta, o Buda foi atendido por um elefante e um macaco.


Um temido assassino chamado Angulimala tinha matado 999 pessoas e carregava no pescoço uma guirlanda com dedos de suas vítimas.
O Buda Shakyamuni seria sua milésima vítima, mas depois de conhecê-lo, Angulimala tornou-se monge.
Com seu amor e compaixão, o Buda viu que ele tinha capacidade de cultivar a amizade e a bondade.
No futuro, até mesmo Angulimala atingirá a iluminação e se tornará um buda solitário.


Aos 80 anos de idade, o Buda Shakyamuni proferiu seus últimos ensinamentos e atingiu a liberação final, ou parinirvana, em um bosque da cidade de Kushinagara. Uma semana depois, seu corpo foi cremado e suas relíquias foram divididas, sendo preservadas em muitos relicários.
Quando desaparecerem todos os ensinamentos do Buda Shakyamuni, o boddhisattva Maitreya descerá do paraíso de Tushita e renascerá em nosso mundo para se tornar o próximo Buda.

Budismo - Etimologia da palavra Buddha




Em sânscrito e pali, antigas línguas indianas, a palavra BUDDHA significa Iluminado ou Desperto. Em geral, esta palavra refere-se a Siddhartha Gautama, o Buddha histórico. Em chinês, o equivalente é Fo; em coreano, But; em japonês, Butsu; e em tibetano, Sangye.

3 de abr. de 2009

Umbanda - O ritual

A caridade é o fundamento principal.

A ritualística de Umbanda é bastante vasta, vem sendo passada de pai para filho dentro da religião, mas principalmente, vem sendo moldada pela orientação de nossos mentores espirituais, porém o principal objetivo é sem dúvida a caridade através dos atendimentos realizados por estes mesmos mentores.

Através da incorporação mediúnica, entidades espirituais muito mais evoluídas do que nós encarnados, vem prestar uma espécie de socorro as pessoas que recorrem aos diversos centros de Umbanda espalhados pelo País.

A forma que se realizam estes rituais difere um pouco de um templo para outro, justamente pelo fato de que cada casa possui seus fundamentos próprios, passados pelos seus mentores espirituais, mas em síntese ocorrem os mesmos preceitos.

O Terreiro é dividido em duas partes, o congá onde ficam os médiuns que irão trabalhar incorporados juntamente com os que irão auxiliar como cambonos e a assistência, onde se acomodam as pessoas que vem em busca deste atendimento.

A ritualística de abertura de uma Gira de Umbanda basicamente é composta de danças para os Orixás, cantos de melodias chamadas por nós de pontos cantados, defumações com ervas especiais e orações, inclusive as orações cristãs, como o Pai Nosso e a Ave Maria.

Ou seja, dentro da ritualística umbandista também se vê com clareza a mistura que compõem esta maravilhosa religião. Os atabaques e outros instrumentos comuns nos cultos aos Orixás se somam a práticas mais familiares aos cultos católicos, mas o culto aos Orixás sempre predomina, em muitos casos o Padê para o Orixá Exú, precede todas as giras, e isso é fundamento herdado do Candomblé que tem efeito prático no resultado das seções.

Este Padê consiste em cantar pontos para Exú e em seguida levar uma oferenda (ebó) até a canjira, que é o assentamento do Orixá na casa e fica do lado de fora do terreiro. Na prática, este ritual é um pedido para que Exú cuide da porteira e evite assim intromissões de espíritos menos evoluídos no trabalho, o chamado "descarrego".

Após estas louvações, rezas e pedidos, se chama em terra a entidade chefe do terreiro que irá incorporar no Zelador de Santo, o dirigente do terreiro, para tanto são entoadas cantigas especiais e próprias da entidade que virá trabalhar neste dia.

O guia chefe, depois de realizar os rituais de segurança da Gira, chama os médiuns já desenvolvidos que irão formar uma roda no centro do terreiro para receberem as entidades que irão prestar o atendimento a assistência.Este atendimento é feito individualmente, os Guias de Luz passam orientações, receitas de banhos com ervas, dão o tradicional "passe mediúnico" que é o momento onde as entidades realizam as magias que resolvem os problemas daquela pessoa assistida.

São realizados diversos rituais nesta hora, mas acima de tudo estas entidades confortam as pessoas com seu modo carinhoso e humilde.

Existem, é claro, muitos fundamentos que envolvem a preparação de uma gira de Umbanda mas não é objetivo deste site apresentá-las em seus textos, que tem por finalidade apenas divulgar e difundir nossa cultura, mas fica a mensagem que encontramos em um destes pontos cantados que diz: A UMBANDA TEM FUNDAMENTO, É PRECISO PREPARAR.

Fonte: Giras de Umbanda
Na próxima semana: O Candomblé

27 de mar. de 2009

A origem da Umbanda

Não se pode negar que a religião de Umbanda nasceu da mistura de diversas crenças, vindas de outras religiões. Talvez por isso a Umbanda seja a religião que recebe a todos, sem discriminações, principalmente de credo religioso, muito ao contrário do que acontece com o umbandista quando este é recebido por outras religiões, mas não vamos falar disso aqui.

O importante mesmo é termos total consciência de que a Umbanda veio da cultura afro, somada aos costumes indígenas tupiniquins, além é claro do sincretismo católico, este último em mistura de amor e imposição. Claro que ainda existem influências orientais, kardecistas, místicas, uma verdadeira miscelânea de culturas.

A mais forte destas influências é do Candomblé, pois apesar de a Umbanda ter nascido há menos de 100 anos (primeiro registro oficial), sua raiz africana é milenar. Pai Zélio Fernandino de Moraes foi quem registrou em cartório a primeira tenda Umbandista em 1908. Sua casa, a Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Piedade não tocava atabaques, mas estes instrumentos do Candomblé foram incorporados à religião e hoje é difícil encontrar terreiro de Umbanda que não os possua em seus rituais. De onde veio isso? Com certeza esta influência veio de Pretos Velhos, entidades que se manifestam na Umbanda e que foram em vida escravos de tempos antigos em nosso país. Estes negros escravos, trazidos da África, eram adeptos do Candomblé, de diversas nações diferentes, e a Umbanda, ainda sem um código específico e singular, administra seus templos individualmente através das orientações de seus guias patronos, ou seja, quem determina certos fundamentos em uma casa de umbanda é o guia espiritual chefe desta casa, daí a forte influência dos rituais de nação trazidos pelos Pretos Velhos.

Outra prova desta forte influência e que também explica a entrada da cultura europeia através da romana religião Católica, é o sincretismo dos Orixás (que vieram da África) com os santos católicos. Isso acontece simplesmente porque nossos antepassados negros, enquanto escravos, não podiam adorar Orixás e portanto adoravam santos católicos para não contrariar seus senhores, mas na verdade, quando um negro rezava para São Gerônimo, por exemplo, estava em seu íntimo louvando a Xangô.

A religião de Pai Zélio, que completou ano passado 100 anos de seu primeiro registro oficial, é uma mistura de crenças, ainda em formação, além de ser uma religião eclética e sem preconceitos.

Na próxima semana: O Ritual

13 de mar. de 2009

Como identificar uma seita

Todas as pessoas têm o direito de professar a religião de sua escolha. A tolerância religiosa é extensiva a todos. Isso não significa, porém, que todas as religiões sejam boas. Nos dias de Jesus, existiam vários grupos religiosos: saduceus (At 5.17), fariseus (At 15.5), essênios, zelotes e herodianos. Os dois primeiros grupos tinham posições religiosas distintas (At 23.8). Mesmo assim, Jesus não os poupou, chamando-os de hipócritas, filhos do inferno, serpentes, raça de víboras (Mt 23.13-15,33). O Mestre deixou claro que não aceitava a ideia de que todos os caminhos levam a Deus. Ensinou que há apenas dois caminhos: o estreito, que conduz à vida eterna, e o largo e espaçoso, que leva à destruição (Mt 7.13,14).

Os apóstolos tiveram a mesma preocupação: não permitir que heresias, falsos ensinos, adentrassem na Igreja. O primeiro ataque doutrinário lançado contra a Igreja foi o legalismo. Alguns judeus-cristãos estavam instigando os novos convertidos à prática das leis judaicas, principalmente a circuncisão. Em Antioquia, havia uma igreja constituída de pessoas bem preparadas no Estudo das Escrituras (At 13.1), que perceberam a gravidade da doutrina de alguns que haviam descido da Judeia e ensinavam: "Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podereis ser salvos" (At 15.1). Tais ensinamentos eram uma ameaça à Igreja. Foi necessário que um concílio apreciasse essa questão e se posicionasse.

Em At 15.1-35, temos a narrativa que demonstra a importância de considerarmos os ensinos que contrariam a fé cristã. Outras fontes ameaçavam a Igreja. Entre elas, destacamos a pluralidade religiosa.

17 de fev. de 2009

Bem-vindos

Bem-vindos ao nosso blog da disciplina "História, Doutrinas e Heresias das Religiões".

Aqui você poderá acompanhar regularmente artigos e publicações referentes a esta disciplina que servirá como ferramenta para somar ao seu aprendizado.

No que for necessário, pode sempre contar comigo, meu e-mail para contato é o prof.flavio.ftw@gmail.com

Bom estudo!!!